quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Minha amiga Morena

            Morena, tá tudo bem os dias vão e vem, todo dia tem um amanhã
Morena pode até sonhar, mas se não tenta não vai a nenhum lugar, parece até que criou raiz por aqui.
Morena não fica assim, o que é bom para você também é bom para mim, deixa o vento te levar, o sol te guiar, quem sabe assim, você chega aonde quer chegar.
Morena não se contente com pouco, não se alimente de migalhas, não se vista com farrapos e não ande com pés descalços, coloque sim o melhor vestido e o melhor sapato e saia por ai.
Morena levante a cabeça e abra um sorriso, desilusões são preparos para o paraíso, mas tarde te encontro lá.
Morena pare de tanto chorar, as lágrimas mancham seu rosto e tiram o brilho do seu olhar.
Sei que é difícil, mas Morena, se precisar eu estou aqui, sempre estarei e você pode vir me procurar. Porque quando a cruz pesa é bom chamar os amigos para ajudar a carregar.
Morena agora tenho que ir,mas fique bem logo tudo passará.

A chama de dor ainda permanece viva...

          Muitos pais, amigos, parentes, vizinhos, todos em geral, ainda tentam apagar com lágrimas o fogo de domingo que queimou tantas vidas e em que tantos futuros viraram cinzas... Já se passaram alguns dias depois do acontecimento trágico na Boate Kiss, contudo a chama parece que continua viva, a queimar no coração de todos os brasileiros, sejam os que perderam alguém ali ou os que tiveram suas vidas salvas, sejam os que ainda lutam para sobreviver nos hospitais e aqueles que se comoveram com essa dor mesmo sem ter nenhum conhecido. Carpinejar em um texto emocionante escrito no próprio domingo expressa exatamente essa dor.
 

“Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.

A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta.

Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.

A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013.

As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.

Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.

Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio.

Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.

Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.

Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.

Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?

O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.

A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.

As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.

Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.”

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Poetas: escultores da alma

"Todo poeta traz um lado escultor
que modela as emoções dando novas formas ou reinventando,
fazendo de algo antes bruto, simples ou comum, uma linda obra-prima.

Sim, um poeta é um verdadeiro escultor!
Capaz de transformar uma sensação  em algo sublime e eternizá-lo,
mesmo que a sensação tenha durado menos que a metade de um segundo,
como aquele arrepio na espinha
que se sente depois de ouvir algo tão bom
que deixa vazia de sílabas a garganta.

Sim, sim, um escultor.
Que entalha suas palavras em outras almas
e assim começa a fazer parte de outras vidas.
Que impões um significado àquilo que à primeira vista não tem nenhuma explicação.

Na verdade a tarefa de um poeta, assim como a de um escultor
é revelar o mundo ao próprio mundo através de outros olhos."

Saudade Matinal

     Um pouco antes do sol despertar, quando os primeiros raios preguiçosos começam a iluminar o céu, os sonhos dão lugar as lembranças e a saudade começa a invadir meu ser.
     O tempo não está muito frio mas um abraço seria ideal antes de uma xícara de café quentinho, bom também seria um afago no cabelo, aquele cafuné que mesmo se feito quando o sol está alto no céu chama suavemente o sono. Ah como eu queria um cafuné! E depois ouvir aquela gargalhada gostosa que fica repercutindo na cabeça como disco em vitrola.
     O dia hoje está bonito e eu aqui ainda enrolada nos lençóis, perdida em lembranças. A paisagem meio que convida para um passeio. Queria ter coragem de saltar da cama, colocar uma roupa fresca, pegar chapéu, óculos, sair pedalando por ai na minha velha bicicleta azul.
     Vontade até de tomar café na padaria da esquina e em seguida, sentar um pouco na praça lendo Clarice. Sim, hoje vou aproveitar para desfrutar da minha própria companhia e quando o menino voltar vou me sentar na varanda e contar como foram os meus dias e depois sorrir de ouvi-lo dizer: "Não sei como consegue falar tanto e ainda é sem respirar entre as palavras!"
     Ah como estou com saudade, entretanto vou me concentrar apenas em mim. Farei isso pelo menos por hoje, pelo menos por agora, amanhã penso em outra maneira de driblar essa saudade matinal. 

Bem vindos novamente!!

Passada a temporada de festas de final de ano, é hora de reassumir meu posto e voltar ao trabalho. Então,

         Bem vindos ao Cenário do Meu Mundo 2013!