quinta-feira, 28 de junho de 2012

Estação de robôs

Onze horas e antes do portão se fechar é preciso dizer umas tantas palavras. O coração miúdo, palpitando sem parar, acelerado, descontrolado, no desconpasso que me deixa zonza. Lágrimas quentes percorrem meu rosto como o olho d'água de um rio. Procuro em todas as partes sem saber por onde começar, e de certa forma, sem saber o que procurar. Afundo-me em lembranças.
Há algum tempo essa estação era meu lugar preferido. Gostava de vir aqui sozinha, sentar no banco e ficar olhando o vai e vem de pessoas.Certas horas a estação fervilhava como um imenso formigueiro, as pessoas transitavam rápidas sem nem ao menos me notar, sem prestar atenção em qualquer outra coisa, é como se estivessem sempre atrasadas. Algumas vezes eu escolhia uma entre tantas e ficava a imaginar suas hisórias, reparava rápido nos seus modos, mas os gestos quase sempre eram meio que iguais. Era como se não se tratasse mais de pessoas, era uma multidão de robôs, que iam e vinham, pareciam caminhar até para uma mesma direção. Todas mecânicamente olhavam para os seus relógios em alguns momentos, e eu pensava, por que correr e não caminhar? Qual o motivo de toda essa pressa? Assim eu perdia muitas horas.
Tinha dias porém, que a estação ficava bem vaga. Se ainda fossem humanos eu diria que parecia que todos estavam de férias, mas não tinham mais a espontaneidade da alma humana, então, era mais como se os robôs estivessem para o conserto, em manutenção. Claro que esse pensamento não demorava muito, não tinha tempo, rápido era diluído e desfeito no ar. Quando os portões se abriam as "pessoas" topavam e atropelavam os pensamentos. Sempre vinham em bandos, e não faziam menção a nada. Surdos para o mundo, escutavam apenas o que os fones gritavam no seus ouvidos. Mudos, completamente mudos, pelo menos parar falar com as pessoas ao seu lado e loucos, porque alguns passavam rápidos, falando sozinhos e gesticulando para o vento. Será que os rôbos têm amigos invisiveis? Pelo menos eram invisiveis aos meus olhos. Estranho é que cada um tinha um amigo que trazia consigo e todos tinham o mesmo nome, apesar de diferentes no sobrenome. O nome comum era Celular.
Depois eu voltava parar casa, os olhos cansados por terem visto 'um filme em câmera rápida', mas feliz. Chegava e mesmo antes de tomar um banho ou pegar algo para comer, sentava na velha escrivaninha e rabiscava um papel. Descrevia alguns rostos, contava uma ou outra cena pouco convencional. Engana-se quem acha que em uma estação não pode existir surpresas. Foram diversos as despedidas que assisti, os reencontros cheios de saudade, ouvi diversas sorrisos, alguns olhares que mesmo rápidos dava para ver se estavam tristes ou felizes, topei com muitos sonhos, alguns amontoados em uma mala, outros embrulhados para presentes, outros pendiam da sacola, alguns tantos ficavam na mente. Um ou outro as vezes se sentava ao meu lado e contava um pouco da sua história, e quantas histórias escutei ali naquele banco.
Contudo, como eu falava no início, isso tudo foi a algum tempo atrás. Agora perdi um pouco do entusiasmo daqueles dias. Talvez eu tenha me tornado um daqueles robôs que eu comentei. Caminho agora pela estação apressada, sem notar o que me cerca, surda para o mundo, escutando apenas o que os fones gritam no meu ouvido, e conversando outras vezes com o meu amigo Celular. Agora o olho d'água virou cachoeira por saber que o bom tempo passou. Talvez essa seja a última expressão de espontaneidade da alma humana, talvez eu tenha mesmo virado um robô.

Doce Fascínio

"De todos os encantos, de todos os bordados
o mistério é o que mais me fascina.
Não o mistéro que acompanha o silêncio,
ou o que se desdobra pelo vento em uma noite triste de verão,
mas o mistério que cada um traz consigo.

Decifrar o que há por trás do olhar,
notar os detalhes submersos na alma,
penetrar até o íntimo,
afundando-se no que há de mais profundo,
sem julgar a superfície.

Um mistério que o ser humano traz na bagagem,
bailando pelo ar a esperança,
contemplando com doçura o que segue a frente e
o que deixou para trás.
O mistério que há por trás da palavra Viver."

terça-feira, 12 de junho de 2012

Construindo a nossa história

"Em um momento, suspenso no tempo,
a descoberta no esplendor do encontro casual, nasceu nosso amor.
Devagar vamos construindo a nossa história,
procurando a melhor forma de se encaixar nos braços um do outro,
preenchendo todos os espaços,
desenhando as curvas do nosso relacionamento,
sem nós ou escadas, estrada limpa de sentimentos.
O tempo em boa companhia passa desconfiado e depressa, mesmo a gente querendo mais calma para aproveitar os instantes juntos.
Quanto melhor o conheço, mais profundas são as raízes no meu coração.
 Suas ideias, gestos e jeito que me deixam tonta embriagada de tanto amor.
É como se tivéssemos em nossas mãos a felicidade do mundo inteiro.
Até quem não nos conhece pode perceber que o Amor paira sobre nós e transborda. Felicidade alheia chama a atenção.
E é tão bom chamar a atenção por isso.
Bom não é ter alguém para amar,
é amar aquela pessoa que te faz tão feliz e que te ama também.
Simplesmente sentir sem buscar um porque ou uma resposta,
Pois razão foge quando o coração comanda a situação.
Razão dança e cai pela janela quando o amor é o maestro das batidas do coração."



Felis Dia dos Namorados!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Curica

Leve, pequena
Trazia no bico o canto do Amor.
Vinha de longe, voava baixo,
Se aproximava aos poucos.
O vento batia suave nas penas.
Pousou.

Da janela o príncipe olhava,
A doce curica bibicar a pêra.
Tão linda era, que o tempo parava para apreciar sua beleza,
Mesmo devendo passar.

O menino com alma de passarinho,
Contemplava admirado
A curica fazendo o seu ninho.

O céu enchia-se de cores:
Azul, roxo, vermelho e laranja.
O sol recolheu-se atrás da montanha.
A curica foi descansar.

No ninho ainda cantou
Uma melodia de amor.
A lua já grande no céu.
Com uma pena caída da doce curica, o principezinho escreveu:
‘Linda curica, minha estrela a brilhar
Adormece tranqüila nessa noite de encantos,
Quando o sol te acordar amanhã cedinho
Canta para mim a tua linda canção?
És minha curica e eu sou teu menino.
Nada mais posso declarar.

Recolhe-se no ninho minha doce curica,
Preenche de amor meu solitário coração,
Envolva-me nas suas asas, faça-me voar,
Mas só amanhã cedinho quando o sol despontar,
Por essa noite, peço-te apenas uma singela lembrança
Guarda para mim um sonho bom?’

terça-feira, 5 de junho de 2012

Sentimento além...


Aconchego no calor dos teus braços quando me abraça, carinho que desliza pelos teus dedos enrolando meus cachos, felicidade pairando no ar. Cheiro que me embriaga, o olhar que me fascina, o poeta que me encanta, as palavras que me conquistam.
Digo por tão pouco dizer coisas certas.
Hoje aproveito que as palavras saem de mim sincronizadas, estão bailando procurando uma direção. Palavras que saem como passos de dança no vento sendo sopradas ao pé do ouvido entoando um canto bonito.
 Aproveito o instante em que as palavras não fazem paradas e vão se arrumando uma a uma em minha mente e caindo no papel em uma ordem sincera. Digo como se andasse cambaleando, evitando alguns becos, poupando algumas palavras, tentando conter, fazer reservas, tentando “esconder” o que aflora e mostra-se intensamente a cada novo amanhecer. Digo ainda tímida por não saber dizer com exatidão tudo, por não saber escolher palavras sábias, falando apenas como o meu coração tagarelo e nada manso gosta de dizer.  Às vezes dizer “Eu Te Amo” é tão pouco que não expressa todo o meu real sentimento.
O que eu sinto é algo além. Além de palavras, além de gestos, além de idéias, além de reflexos, além do que eu consigo demonstrar. É tão além que quase não cabe em mim e por isso às vezes transborda.
Lá fora, a escuridão se debruça à porta, mas da janela vejo apenas a luz do luar.
Nada de ruim cabe perto de nós, nada de ruim cabe entre nós.
Pela fresta da porta entra os raios de sol.
Até quem não conhece pode perceber que quando a gente está perto um do outro a gente muda, fico tola e vira bobo, retrato de casal feliz. Até quem não me conhece escuta meu coração gritar ao te ver. Afinal até o nosso silêncio é barulhento o q dirá o nosso amor. Então canto, eu escrevo, me declaro, me exponho, deixo meu coração ser o autor.