terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Eis que em mim (talvez) já não bate um coração


As lembranças apareceram todas de uma só vez, sufocando minha mente e roubando-me o sono.Banho na chuva, cantiga para dormir, deitar só para ouvir as gotas tocarem as telhas, o cheiro de pão assado de manhãzinha, tantas recordações boas que hoje me enchem de saudade.
Quando dei por mim, cai em um momento particular da minha infância.E lá estava eu, uma garotinha no meio do campim, que aos meus olhos era enorme, tentando andar na magrela, e aqueles olhos confiantes ao me olhar, pareciam acreditar em mim mais do que eu mesma, então, depois de algumas quedas e raladuras, enfim, consegui as minhas primeiras pedaladas em linha reta na minha Caloi.
Aqueles olhos que muito me motivaram, e que por não poucas vezes tentaram me compreender, guiaram-me até aqui.Compartilhou minhas vitórias, cuidou dos meus medos, deu conselho, ou melhor, deu lições de vida.E por tudo isso, e por tantas outras coisas, que meu coração só podia lhe chamar de Mãe.Um amor incondicional e sem medidas, me embalaram por anos, e acho que foi esse conforto de colo, que me fez achar que eu ainda teria sua presença por mais alguns longos anos.Até por que, quando alguém assim se vai...o que fica??De verdade, o que fica??
Não posso mais ter o abraço apertado, conversar, ouvir as piadas ou ver o sorriso.Não posso desfrutar mais da companhia e isso tanto me dói, que no meu peito estraçalhado, às vezes acho que já não bate mais um coração, ou se bate, de tão enfrangalhos, não sinto o seu pulsar.Parte de mim também partiu quando aqueles olhos se fecharam para sempre se despedindo da vida.
As lágrimas correm pelo meu rosto, porém se mesmo sendo entre soluços eu pudesse só mais uma ver reencontra-la, eu diria: "Mãe, Te amo pra sempre!Saudades!"

P.S: Dedicado esse texto a minha vó querida, Mãe Marizete, que partiu deixando muitas saudades...

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