De noite quando a solidão se ajeita na cama para dormir comigo, procuro teu cheiro no travesseiro e me atrevo a lembrar de nós dois. As lembranças pertubam minha mente, roubam-me o sono.
Vasculho em cada canto um pouco de ti e encontro você só em mim, porque cada canto de mim é um pedaço seu e entristeço-me de saber, que antes eu também era cada canto de ti, e agora só um ponto, em um canto qualquer, perdido entre milhares, empilhado embaixo do pó escondido embaixo do tapete. Aquele tipo de poeira que a gente não joga para economizar tempo mas que para diante dos olhos dos outros o lugar parecer limpo. E é bem assim que eu me sinto.
Não um monte de poeira, mas um grão desse pó.
Espalho-me na cama para ocupar todos os espaços que antes com nós dois não existia, e me dou conta como essa cama é grande, ou só agora me dei conta da solidão, que me abate, esmaga meu espírito, e me corrompe, aos poucos, sem deixar marcas, sem criar cicatrizes, de um jeito doloroso e perverso, me vira do avesso e me destrói.
Mas por que colocar nas mãos do outro algo tão valioso que é o comando da minha vida? Choro por lembrar das tolices e sonhos perdidos, e afogada em lágrimas, entre soluços aparece um singelo sorriso, agora sim, purificada, agora sim livre.
Quebro a casca, saiu do casulo, agora nada mais me prende, agora posso voar.
E se é para eu ocupar um canto, que seja todos os cantos de mim. Não quero ocupar lugares provisórios, não quero mais abrir mão do que é meu. Sabes o que é meu e sempre será independente de quem queira me acompanhar? Pois te digo, o que é meu, simplesmente sou Eu e nada mais consta, nada mais importa. Sigo firme pela estrada afora. Hoje decidi voar.
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