Vejo que de pouco em pouco as
armadilhas que fui armando pelo meio do caminho tentando me proteger dos
perigos da vida, vão me prendendo e assim me perco de mim. As armadilhas que
eram para os outros são amarras para mim. O coração que hoje se cala por não
saber mais falar, os pensamentos tripudiam a mente e ainda assim ficam por lá,
não viram gestos, não viram som e não viram letras. Então pra quê tanto pensar?
Tudo em um silêncio absurdo.
Consigo ficar tão longe do que me
cerca que agora me pergunto se algum dia algo irá se aproximar. Porque é bem
mesmo assim, você vai se fechando tanto que sufoca. E não há quem consiga viver
sem ar.
Se não houvesse tantas armações e
tantas armadilhas. Se as amarras fossem laços e as armas flores. Se a cerca servisse
só para limitar certo espaço e os arames fossem só um enfeite infeliz. Se tudo não
escondesse uma má intenção, uma dor, um mistério e se as palavras não fossem
ditas pelas metades. Se fosse assim, talvez eu pudesse andar livre por ai. Por
enquanto não.
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