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quando a gente para um tempo para respirar percebe que o que menos se quer é o ar. Quer perfume, um cheiro em particular, às vezes quer mesmo até fumaça, mas ar? Não não, ar é muito para se desejar. E a cabeça vai ficando pesada, tudo ao redor rodopiando sem parar, e você tenta se concentrar em algo, tenta apanhar um único pensamento, mas não demora e ele escapole da mão. A mente fica vazia. Ou melhor, você queria que sua mente fosse uma folha em branco, queria que seu coração parasse de tanto querer, mas não importa o que se quer, a cabeça está cheia, totalmente preenchida e o coração? Esse já não se sabe se está cheio ou vazio. E fica vago, passa o tempo e você ainda ali, esperando alguma resposta de uma pergunta que na verdade você nem mesmo sabe qual é, ou se sabe, não tem coragem de pronunciar em voz alta, talvez assim não se torne real.
Ah como queria uma cabeça oca, um deserto, sei lá. Um chão seco incapaz de brotar qualquer tipo de ideia. Mesmo exausta ainda se quer lutar. Mas por quê? Persistir seria tão mais doloroso, mas desistir parece tão igualmente ruim. Por que não seguir? Seria bom, andar sem olhar para os lados, um passo de cada vez, dando tempo pro coração se acalmar e a cabeça descansar. Sim, seria muito bom parar. Mas bom mesmo seria seguir. Mas como pode seguir com tanta bagagem? Abre a mala e tira tudo de dentro dali, não se precisa de mais nada. Escolha só uma ou das lembranças para os dias de solidão, o resto, deixe misturar com a areia, deixa o vento levar para longe. Talvez assim fique mais fácil voltar a andar.
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