Essa data sempre me deixa meio lá e meio cá. Como pode meu coração resplandecer de felicidade e se afogar em tristeza ao mesmo tempo? A saudade é infinita e o amor imenso, ainda mais quando são dois amores, diferentes amores, como pode tudo caber em um só coração? Talvez por isso machuque tanto.
Hoje vou sorrir ou chorar? Acho que vou fazer as duas coisas. Como dói a partida, como dói à separação ao passo de como é doce o encontro, como é forte o laço. Inexplicável essa dor que é tamanha, que às vezes fica quieta e outras vezes arranha o meu ser, uma dor que sufoca, porque não há nada pior do que a saudade de alguém que já não se pode mais ter por perto. E quando lembro os dias que se passaram vagos, penso que eu deveria ter passado mais tempo junto, deveria ter ficado mais presente, deveria ter feito tantas coisas, mas agora de verdade não posso mais.
Fecho os olhos e tudo o que mais quero é compartilhar um novo momento, ouvir a voz outra vez, mas não posso. Não posso visitar, ligar só para saber como foi o dia, almoçar dia de domingo. Tudo isso tem que ficar na lembrança porque não tem mais como acontecer. Eu queria mais uma vez poder ver o rosto, abraçar bem forte e dizer: Eu Te amo Mãe Marizete! Eu Te amo pra sempre!
E por baixo desse lençol de tristeza, aparece minha felicidade sorrindo. Aqueles olhos que me entendem e me compreendem tão bem. Olhos que me encaram e transmitem paz de um jeito único.
Queria verdadeiramente apenas sorrir hoje, mas muitas vezes não consigo. Vou depois me esconder em um abraço e ouvir o coração dizendo o quanto me quer bem, e nesse instante sim, a dor se desvencilha de mim. Porque não há dor que permaneça depois de um abraço, depois desse abraço.