As palavras foram lançadas sobre mim logo de manhã cedo. Primeiro caíram pelos meus ombros e depois deslizaram até meu colo. Todo meu ser estremeceu. Algo em mim, ficou tão perplexo que fiquei imóvel.
As palavras seguintes passaram por mim quase como brisa, não me detive a quase nenhuma. Fiquei tentando recordar do recado, mas acho que a brisa foi suave demais eu não me atentei a todos os detalhes. Anos atrás, essa imobilidade já me atingiu, era pela mesma razão, só que uma situação diferente.
O recado da morte sempre faz o meu espírito congelar, e nos últimos tempos esse arrepio que sobe a espinha está aparecendo mais vezes. Seguindo a lógica do meu padrinho: todos temos que desocupar para dar lugar aos que estão por vir, se for assim, creio que os nascimentos têm se multiplicado, porque as mortes não param nunca.
E de algum modo, toda essa melancolia fúnebre combina com o céu um pouco cinza. O céu hoje acordou condizente com a cerimônia. Talvez seja um preparo para as almas subirem.
Desculpe por estas palavras tão negras, mas é que o frio ainda está congelando todo meu ser e a única coisa que consigo deixar fluir naturalmente são as palavras, que vão aflorando e jorrando de mim, se desprendendo da cabeça e se debatendo sobre a folha de papel.
Espero que logo o dia claro torne a aparecer nesse cenário, não suporto mais tantas lágrimas do céu, tanto sofrimento a me rodear. Por fim, quero que o consolo venha depressa aos corações despedaçados que ficaram habitando ainda por aqui.
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