" Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras.Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações.Tenho vontade de cometer harakiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lençinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com primeiro beijo.
Quem me vê caminhando na rua de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafrditismo cerebral.
Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa.Penso como um homem, mas sinto como mulher.
Não me considero vítima de nada.
Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha.Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia.
Vida doméstica é para os gatos.
(...) Sou tantas que mal consigo me distinguir.Sou estrategista, batalhadora, porém traída pelo coração.Num piscar de olhos fico terna e delicada.
Acho que sou promíscua, doutor Lopes.São muitas mulheres numa só, e alguns homens também.
Prepare-se para uma terapia de grupo!"
(Martha Medeiros)
Nenhum comentário:
Postar um comentário