segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A loucura de um bom livro

Sempre fui muito viciada em livros e de uns tempos para cá isso só tem se agravado. Alguns eu engulo quase que de uma só vez, em poucas horas as duas capas se encontram, outros pedem que sejam saboreados devagar, sem pressa e há também aqueles que empancam e não tem jeito, melhor devolver para prateleira.
Eu faço parte daqueles leitores bem clichês a ponto de gostar muito de um personagem e torcer pra que tudo dê certo, ou de achar um tão chato e começar a brigar com o pobre coitado. Sou daquelas que imaginam cada detalhe, monta o cenário na cabeça, apesar de não ser muito atraída por livros excessivamente descritivos.
Ultimamente estava lendo um livro de crônicas da Marta Medeiros e me peguei pensando em como é bom a loucura proporcionada por um bom livro. Loucura sim. A principio estamos quietinhos no nosso canto, lendo mais uma página quando de repente começamos a rir ou a chorar do nada, do nada para quem está nos bisbilhotando mas para gente faz todo sentido. É uma linha, uma frase bem escrita, aquela parte do capítulo que desde do início do livro você estava torcendo para que acontecesse... Ah como é bom essa doce dose de insanidade. 
Essa ideia me veio a cabeça logo depois de um acontecimento que talvez se tivesse sido em outro dia nem teria me chamado a atenção. Como disse nas primeiras linhas, meu vicio me permite a carregar comigo um livro e nesse dia era o dito cujo do livro da Marta que me fazia companhia. Sem mistérios, o título do livro é A graça da coisa. Uma coletânea de crônicas escritas pela autoras entre os anos 2012 e 2013. Confesso que tenho uma quedinha por crônicas, principalmente porque não sei escreve-las, mas esse de fato é uma ótima indicação. Deixa eu voltar antes que me perca na minha loucura.
Enfim, estava eu na sala de espera de um consultório, lendo um pouco enquanto não chegava minha vez e claro, comecei a rir "do nada", sorria igual menino quando ganha um pirulito, inocentemente e sem prestar atenção ao resto do mundo. Uma mulher do meu lado não resistiu e quando fechei um pouco o livro pra me levantar, ela foi bisbilhotar o nome do livro que tanto me fazia rir. Não resisti e dei a mulher o mesmo sorriso que o livro me presenteou a pouco, e ela sorriu com aquela cara "tentei ser discreta e fui pega no flagra".
Pode parecer bobagem e na verdade nem sei porque isso capturou minha atenção, mas nesse dia, sai me sentindo uma louca sorrindo "do nada" pela rua e pensado na mulher que se interessou pela minha loucura. Quem vai achar ruim essas loucuras de um bom livro?